sexta-feira, 28 de novembro de 2008

No vaivém dos labirintos...

Assim, ele marejou o horizonte, cravando os pés na areia para seu corpo não se sobressaltar, enquanto paisagens e rostos conhecidos passavam diante de si, como numa imponente tela de cinema estampada no firmamento azul. Fazia um pouco de frio, e a leve brisa cantante ia deixando a cena toda menos firme, mais trêmula: como na lágrima que derepente se anuncia, como naquele instante mesmo, todo em suspense. Solidão, vaziez, calmaria: seria ele mesmo a ilha que respirava, assim seria o the end, uma grande e obtusa ilha? Talvez, mas era preciso decidir de uma vez por todas seu futuro, ainda que isso implicasse, como começava a parecer evidente, na eliminação completa daquela mulher.

Implicaria certamente em algum nível de dor, de desgosto, de cansaço pela incessante luta por alguma amada, pelas amadas que outrora se foram, e por essa mulher que insistia em não se entregar. De qualquer modo, era preciso lembrar sempre e sempre de novo que ela o havia ferido muito mais do que todas as outras, porque a recusa de uma mulher tão malévola e rasteira como Cassiana era o limite último que um homem como ele, tão cultivado pelas doçuras da civilização e tão soberbamente recompensado pelas firulas sociais, podia suportar. No vaivém dos labirintos em linha reta, uma mulher pode ser como uma cobra que gira em torno do próprio rabo: Cassiana, a bem mais jovem, a bem mais bela e a bem mais inteligente entre todas as mulheres, que compuseram outrora sua gramática amorosa, sai correndo do mar, os cabelos encharcados e avança sobre ele num beijo cínico.

2 comentários:

Fernanda disse...

que lindo=)
adorei o blog
e visitarei mais vezes=)
espero que goste do meu blog=)
e parabéns!!!

Fernanda disse...

e já estais linkado em meu blog=)